segunda-feira, 30 de março de 2009

CANDOMBLÉ, NEGRO E MARGINALIZAÇÃO.


Como diz Michel Foucault em A Ordem do Discurso (1996, p. 8-9), em todas as sociedades existem procedimentos de controle dos discursos que são proferidos, sendo alguns deles excluídos através da interdição. Não podemos desta forma, dizer tudo e em qualquer circunstância.

Foram estes procedimentos, de exclusão e interdição, a que submeteram os povos negros; africanos capturados, traficados e escravizados de forma brutal; forçados a compor uma nova estrutura social em um território longínquo; anulados em todas as suas particularidades e potencialidades pela historiografia elitista; tidos como seres dóceis que aceitavam mansamente a condição de escravo sem nenhuma forma de resistência.

Este discurso se proliferou até os dias atuais e se materializa na situação de exclusão social, econômica, cultural e religiosa do povo afro-descendente no Brasil. E é nesta condição de exclusão e marginalização que o Candomblé se encontra inserido, ficando evidente ao darmos um simples passeio nas zonas periféricas da cidade de Juazeiro - BA.

Porém, mesmo a população negra tendo sido jogada no submundo dos subúrbios brasileiros, ela não se isentou de suas contribuições para formação da identidade brasileira.

Trabalhando no eito, no engenho, na mina ou na cidade, homens e mulheres bantos [negros] foram deixando sua marca no comportamento, no fazer, no falar e no ser brasileiro. Marca tão profunda que hoje nem se sabe da sua origem africana, pois é vista e sentida como parte constitutiva do que somos [...] (SANT’ANA, 2003, p.2)

Essas contribuições vêm sendo negadas, resumidas em elementos ínfimos tal como pratos alimentícios e vestuários, deixando de lado as contribuições intelectuais, comportamentais e religiosas do continente africano na formação da identidade brasileira. Sendo assim o candomblé foi subjugado e inferiorizado, não sendo nem ao menos reconhecido como religião. Todavia, o candomblé representa uma das maiores e mais profundas marcas do povo afro-descendente na formação imagética da sociedade brasileira

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